A logística ‘milk run’: em que consiste?

A logística milk run é um método logístico de envio de mercadorias utilizado para transportar estoque de diferentes fornecedores para um único destino. Em vez de cada fornecedor enviar a mercadoria de forma separada, o transporte é planejado com rotas de abastecimento fixas para que um veículo colete as diferentes cargas e as deposite em um armazém, em uma fábrica ou em uma instalação logística dedicada à distribuição.

Esse termo logístico surge como analogia ao processo de transporte do leite no início do século XX, utilizado para economizar custos de deslocamento: os distribuidores percorriam uma rota predeterminada, entregando o leite nas residências e coletando as garrafas vazias. A quantidade desses recipientes indicava ao vendedor qual era a demanda de leite para o dia seguinte.

O que é o conceito ‘milk run’ em logística?

A logística milk run é um método de entrega de mercadoria onde um veículo coleta as cargas de diferentes fornecedores para agrupá-las e transportá-las no mesmo envio. Esse procedimento envolve a implementação de uma rede de transporte onde o movimento de estoque é atendido por um mesmo veículo, que faz várias paradas para carregar ou descarregar os produtos nas diferentes instalações que visita.

O método milk run parte da premissa de que o único material que deve ser reposto é aquele que foi consumido. Por isso, é habitual implantar esse tipo de estratégia em armazéns ou fábricas que utilizem técnicas de gerenciamento de estoque como o just-in-time, que apenas repõe a quantidade de mercadoria precisa quando necessário.

No relatório Supply Chain System Model of Components for Assembly Lines Based on Kanban and Milk Run Methodologies, publicado na revista acadêmica European Journal of Engineering and Technology Research, os autores definem o termo como “um método de coleta de produtos que determina a rota adequada para reduzir o prazo de entrega”. O principal objetivo da logística milk run é reduzir o prazo e os custos de deslocamento no aprovisionamento de matérias-primas ou produtos semiacabados para as fábricas. No entanto, esse método exige que as rotas e os prazos de entrega sejam planejados com previsão e sem erros.

A rota de transporte milk run pode ser interna, se o veículo percorrer diferentes áreas de uma mesma instalação para abastecer as diferentes estações de trabalho, ou externa, se percorrer os armazéns dos fornecedores, ou da própria empresa, para fazer o aprovisionamento de matérias-primas ou produto semiacabado para a fábrica.

As entregas de estoque costumam ser realizadas em áreas do armazém ou da fábrica que exigem o reabastecimento contínuo de produtos, tais como as linhas de montagem em uma empresa manufatureira. A indústria automobilística e de autopeças é outro exemplo de setor que pode ser beneficiado com uma estratégia de reabastecimento milk run, uma vez que facilita a implementação de técnicas de redução de custos no gerenciamento de estoque como o just-in-time.

Eis aqui um exemplo do setor automobilístico: um fabricante de pneus tem uma fábrica no Brasil, perto das plantações de seringueiras de onde se extrai o látex para fabricar pneus. Em uma estratégia de aprovisionamento sem milk run, cada pessoa que extrai o látex enviaria sua produção para a fábrica. No entanto, a logística milk run permite que o fabricante de pneus frete um veículo que percorrerá as diferentes explorações de borracha para recolher a matéria-prima de cada trabalhador, conseguindo caminhões com cargas completas.

Benefícios (e desvantagens) da logística ‘milk run’

A logística milk run é uma forma de distribuição de estoque muito utilizada em linhas de produção em série. Seus principais benefícios são:

• Redução dos custos de transporte. Esse método de aprovisionamento elimina as cargas parciais do caminhão, porque ao coletar a matéria-prima de diferentes fornecedores é possível rentabilizar ao máximo o tempo e o volume de deslocamentos.
• Agilidade nas operações. A estratégia milk run garante o reabastecimento ininterrupto do estoque de matérias-primas ou produtos semiacabados nas linhas de produção.
• Limitação do impacto ambiental. Essa técnica de distribuição reduz os deslocamentos dos veículos no transporte da mercadoria, tanto entre diferentes instalações quanto entre as diferentes áreas do armazém ou fábrica. A redução de deslocamentos permite obter uma logística mais sustentável e menos poluente.
• Estratégia de produção eficiente: a adoção de uma logística milk run promove uma maior precisão na entrega de mercadorias just-in-time. Optar por essa estratégia de distribuição evita criar pontos de estrangulamento no pulmão de abastecimento das linhas de montagem, área de armazenamento temporária localizada perto da linha de produção, ao enviar apenas a mercadoria necessária.

De qualquer forma, a logística milk run também oferece desvantagens: exige uma completa sincronização entre todos os agentes da cadeia de suprimentos ou entre as diferentes áreas de um armazém ou fábrica. Qualquer erro durante o transporte da mercadoria pode fazer com que a linha de produção fique sem matéria-prima podendo pará-la parcial ou totalmente.

Além disso, esse método de distribuição de estoque é eficiente em contextos de fabricação de artigos em série. Se a linha de montagem precisar de produtos muito diversificados, a complexidade das rotas de transporte milk run, internas ou externas, pode gerar erros no gerenciamento do estoque.

Como funciona a estratégia ‘milk run’ na cadeia de suprimentos?

A distribuição pelo sistema milk run rompe com a ideia tradicional de fazer a distribuição da mercadoria ao surgir uma necessidade. Normalmente relacionada à produção just-in-time, a logística milk run exige um planejamento que considere o percurso de carga e descarga do estoque e as diferentes paradas intermediárias, ou seja, é preciso que o responsável defina os pontos de carga e descarga da mercadoria para decidir a rota mais eficiente, a periodicidade do percurso e o número de veículos que devem realizar essa tarefa.

O funcionamento da logística milk run é o seguinte: o veículo, que deve circular pontualmente, percorre as diferentes estações de trabalho, milk run interno ou armazéns de fornecedores, milk run externo, coletando a carga parcial de matérias-primas ou produto semiacabado que será necessária na linha de produção e a transporta para a área de fabricação atribuída.

A logística milk run não é apenas uma estratégia adequada para o aprovisionamento de matérias-primas de diferentes fornecedores, mas também pode ser implementada para mover mercadoria dentro de um armazém ou fábrica. Para esse tipo de deslocamento é comum utilizar trens logísticos que percorrem o armazém coletando o estoque de cada área e transportando-o para a linha de montagem atribuída. Em fábricas ou armazéns com um maior volume de demanda, podem ser instalados circuitos de transportadores para paletes ou caixas ou, o Sistema de Monotrilho Elétrico (EMS), visando garantir um fluxo ininterrupto de mercadoria para a área de produção.

Software para o gerenciamento do ‘milk run’ em logística

É praticamente impossível fazer o processo de abastecimento por milk run de forma manual, pois é necessário ter um programa específico, tal como um software de gerenciamento de armazém. Trata-se de um tipo de logística que exige uma coordenação na estratégia de aprovisionamento junto aos vários fornecedores.

Uma das soluções para eliminar a possibilidade de erros é implementar um software que automatize o gerenciamento das tarefas. Tal como define a pesquisadora de engenharia de processos informáticos da Universidade de Karlsruhe (Alemanha), Anne Meyer, em sua publicação Milk Run Design, “a complexidade do planejamento tático de uma rede milk run, a seleção do tipo de transporte, a atribuição de uma frequência para cada fornecedor e o traçado dos percursos exigem que as decisões sejam tomadas utilizando um suporte digital.”

Um software logístico estabelece a rota de abastecimento mais eficiente. Para multiplicar a eficiência nessa fase logística, a implementação de um software de gerenciamento de armazém pode ser combinada com a tecnologia RFID no armazém. O estudo Digitalized milk-run system for a learning factory assembly line, coordenado pela Universidade Tecnológica de Graz (Áustria), analisa como colocar em prática uma logística milk run através da tecnologia de radiofrequência. Um sistema digitalizado permite “calcular rotas mais curtas e, portanto, reduzir os prazos e os custos de transporte.” O estudo, realizado na LEAD Factory, um cenário de testes dentro da universidade, mostra como a implementação de sistemas digitais reforça a agilidade de uma estratégia de distribuição de estoque dentro do armazém milk run. A pesquisa aponta que a entrada de sistemas digitais diminui o movimento interno de mercadorias pelo milk run para mais da metade: “Na logística milk run sem digitalizar, o ciclo de aprovisionamento completo demorava em média 66,6 segundos. Com a utilização de um programa digital, o prazo de entrega da mercadoria passou a ser de 30,2 segundos”, afirmam os autores.

Logística ‘milk run’: estratégia de distribuição de estoque adequada e ininterrupta

A estratégia de distribuição de estoque milk run é um método eficiente para a reposição contínua dos estoques nas diferentes áreas logísticas e de produção, tais como as linhas de produção ou áreas de montagem, entre outras. O milk run permite reduzir os deslocamentos nas rotas de transporte, promovendo um planejamento logístico mais sustentável.

Essa estratégia exige uma rigorosa sincronização entre os fornecedores e os responsáveis pela produção para garantir um fluxo constante de mercadoria. Um software de gerenciamento de armazém como o Easy WMS da Mecalux é a ferramenta ideal para coordenar os movimentos da mercadoria, otimizando prazos e custos para a empresa. Caso estiver interessado em otimizar sua logística, não hesite em entrar em contato conosco, um consultor especializado irá assessorá-lo para lhe oferecer a melhor solução para sua organização.