Contaminação cruzada de alimentos: como evitá-la no setor logístico
A contaminação cruzada de alimentos é um processo em que agentes contaminantes, como micróbios ou alergênicos, são transferidos de um produto para outro. Isso pode ter consequências negativas para a saúde das pessoas que os ingerem.
No setor logístico, a contaminação pode ocorrer ao juntar alimentos durante o armazenamento ou transporte. A prevenção é uma prioridade e um desafio para as empresas na organização dos processos da cadeia de suprimentos.
O que é a contaminação cruzada de alimentos e o que a causa?
A contaminação cruzada refere-se à transferência involuntária de agentes contaminantes, microrganismos ou substâncias prejudiciais de um objeto, superfície ou lugar para outro. Em setores como o da alimentação, o contato desses contaminantes com produtos ou áreas onde não deveriam estar presentes pode envolver riscos para a saúde.
No âmbito logístico, a contaminação cruzada de alimentos pode acontecer em diferentes etapas e situações. Durante o armazenamento, pode ocorrer devido à proximidade física de produtos incompatíveis, enquanto no transporte, embalagens danificadas, derramamentos e vazamentos podem fazer com que agentes contaminantes entrem em contato com outros produtos. Para minimizar riscos, as empresas devem tomar as precauções necessárias e seguir todos os protocolos estabelecidos ao manusear a mercadoria.
Como prevenir a contaminação cruzada de alimentos nos processos logísticos
Eliminar completamente os riscos de contaminação cruzada de alimentos nos processos logísticos é praticamente impossível devido à grande diversidade de produtos gerenciados pelas empresas. No entanto, uma análise detalhada das operações e um gerenciamento racional da mercadoria permite reduzir ao mínimo qualquer possibilidade de transferência de contaminantes.
Um estudo da Academia Naval Nikola Vaptsarov da Bulgária constata que a prevenção e minimização de riscos de contaminação cruzada na logística exige implementar políticas, programas e regras para um gerenciamento eficaz. Os resultados da pesquisa, publicados na revista acadêmica International Journal of Innovative Science and Research Technology, mostram dez passos que as empresas devem seguir para identificar, prevenir e reduzir os riscos decorrentes da contaminação cruzada nos processos logísticos:
1. Analisar o sistema existente de controle de riscos de contaminação cruzada
As empresas devem ter procedimentos específicos que lhes permitam gerenciar e fazer um acompanhamento dos potenciais riscos de propagação de impurezas que podem ocorrer em seus processos logísticos. Os procedimentos implementados devem considerar as probabilidades existentes de contaminação cruzada acidental ou deliberada dos produtos.
2. Registrar as entradas e saídas de mercadorias do armazém
As empresas devem fazer um registro detalhado de todos os produtos recebidos e expedidos pelo armazém, além de inspecionar todos os materiais utilizados que poderiam provocar uma contaminação cruzada. Essa análise é especialmente relevante para produtos com composições complexas, ou seja, aqueles que incluem vários componentes ou ingredientes que, quando manuseados, podem contaminar outros alimentos.
3. Identificar os fornecedores dos materiais e ingredientes de cada produto
Esse ponto consiste em conhecer todos os fornecedores de materiais e ingredientes. Para produtos com maior risco de contaminação, as empresas podem realizar três ações:
- Fazer auditorias com os fornecedores e elaborar planos de ação corretiva caso ocorram situações de contaminação cruzada.
- Rotular devidamente os produtos com sinais e símbolos para informar os consumidores sobre eventuais riscos de transferências inadvertidas de contaminantes.
- Implementar medidas para limitar o risco de contaminação ao selecionar novos fornecedores.
4. Inspecionar produtos reembalados após eventuais reclamações de clientes
Essa etapa consiste em identificar os produtos que foram expostos a um risco de contaminação cruzada. Os artigos que foram novamente embalados devido às reclamações de clientes oferecem um maior risco de contaminação. Por exemplo, se uma empresa receber reclamações indicando que seus produtos chegaram danificados aos clientes por causa da embalagem original, é necessário inspecionar minuciosamente os artigos antes de voltar a colocá-los em embalagens mais seguras e enviá-los novamente aos clientes.
5. Analisar os processos e verificar as possibilidades de contaminação cruzada
Essa etapa envolve fazer um acompanhamento de todos os processos logísticos desde o recebimento dos produtos até o envio ao cliente final, passando pelo armazenamento, preparação de pedidos e embalagem. A mercadoria com um alto risco de ser contaminada exige, por exemplo, um estudo mais minucioso dos materiais utilizados pelos fornecedores ou o desenvolvimento de processos de armazenamento e manuseio. As empresas também devem considerar a presença de pessoas externas que têm acesso ou manuseiam os produtos, além de avaliar os processos de limpeza e desinfecção das instalações ou o uso de roupas de proteção pelo pessoal.
6. Avaliar e analisar os riscos de contaminação cruzada na cadeia de suprimentos
Os produtos de uma empresa são classificados em três grupos de acordo com o risco de contaminação: baixo, intermediário ou alto. Os artigos com maior risco devem ser submetidos a planos de controle para verificar suas condições e evitar que se origine uma transmissão indesejada de contaminantes. Esses produtos podem ser contaminados ao entrar em contato com a roupa de proteção do pessoal, por exemplo, quando ocorre um derramamento de líquidos ou devido a uma limpeza inadequada.
7. Criar e implementar um programa de prevenção de contaminação cruzada
O próximo passo consiste em aplicar medidas para proteger os produtos manuseados. As empresas podem adotar algumas regras para impedir a transferência involuntária de contaminantes:
- Limpar e desinfetar o armazém, vestiários e equipamentos utilizados imediatamente após o manuseio de produtos com alto risco de contaminação cruzada.
- Evitar o armazenamento temporário de produtos não embalados em grandes quantidades ou em estado líquido.
- Estabelecer áreas separadas entre produtos de alto risco e de baixo risco. Essas áreas devem estar visivelmente sinalizadas.
- Designar uma área para armazenar as devoluções. Deve estar fisicamente afastada das áreas onde estão armazenados os produtos com alto risco de contaminação.
- Evitar a realização simultânea de operações de embalagem de dois produtos com um alto risco e composições diferentes.
- Diferenciar as áreas de armazenamento de produtos com alto risco e as áreas de armazenamento de produtos químicos para limpeza e desinfecção.
- Certifique-se de que os restos das embalagens dos produtos não espalham contaminantes durante seu manuseio.
- Restringir qualquer movimento desnecessário de equipamentos e materiais.
8. Treinar o pessoal para prevenir e minimizar riscos
O treinamento é uma das medidas mais eficazes para familiarizar todo o pessoal envolvido nos processos da cadeia de suprimentos sobre a importância de prevenir o cruzamento de substâncias nocivas e adotar as medidas pertinentes. O treinamento deve abranger todo o pessoal do armazém, incluindo trabalhadores contratados temporariamente.
9. Controlar os processos implantados
Uma vez implementadas as diversas melhorias, é indispensável fazer um controle para garantir que todos os processos sejam realizados de forma eficaz e que as medidas adotadas para prevenir riscos de contaminação cruzada sejam realizadas conforme estipulado. O controle exige a verificação de registros e documentos para comprovar a qualidade e a segurança dos produtos antes de saírem dos armazéns e serem comercializados.
10. Validar o gerenciamento de riscos de contaminação cruzada em logística
Para garantir que os produtos não sejam expostos a uma possível contaminação cruzada, é necessário verificar com regularidade a qualidade e o desempenho dos métodos que foram aplicados. As empresas podem simular os piores cenários para comprovar se os sistemas de gerenciamento de riscos são satisfatórios e respeitam as condições específicas de cada instalação logística.
Exemplos de soluções para prevenir a contaminação cruzada de alimentos em logística
O primeiro passo para evitar que ocorra a contaminação cruzada de substâncias nocivas entre alimentos consiste em fazer um planejamento adequado. Uma organização rigorosa das referências evita que os artigos com risco de contaminação permaneçam em contato uns com os outros.
Por exemplo, no Brasil, a empresa de artigos para animais de estimação Petz organiza estrategicamente seus produtos no armazém para evitar a contaminação cruzada. A empresa administra um extenso catálogo de mais de 20.000 artigos para o bem-estar dos animais domésticos (incluindo alimentos, acessórios, brinquedos e medicamentos veterinários). A Petz criou uma área de armazenamento para produtos mais sensíveis que devem ser protegidos e isolados. Trata-se de uma área de acesso restrito onde somente os operadores designados para tal podem entrar.
Além da organização do armazém, a digitalização é uma ferramenta que pode facilitar o gerenciamento em empresas que precisam limitar os riscos de contaminação cruzada de alimentos. Soluções como um Sistema de Gerenciamento de Armazém ajudam as empresas a distribuir a mercadoria de uma forma eficiente em suas instalações logísticas.
Na Colômbia, o operador logístico terceirizado (3PL) Megafin, especializado em produtos alimentícios, digitalizou seu armazém com o Easy WMS da Mecalux para garantir a rastreabilidade da mercadoria. "Em nosso setor, rastrear produtos perecíveis em tempo real é fundamental para garantir que eles sejam armazenados na temperatura correta e evitar quebrar a cadeia de frio", explica Rogelio Betancourth, diretor de Logística da empresa. O sistema determina uma localização para cada palete considerando o tipo de alimento que contém e sua temperatura ideal. “Alguns paletes não podem ser armazenados juntos: devemos respeitar os regulamentos e especificações de cada produto para a correta aplicação de nossos programas de segurança alimentar, sistema APPCC (HACCP em inglês) e controle de alergênicos", acrescenta Betancourth.
A rastreabilidade é um processo essencial para empresas de alimentos como a Costa Concentrados Levantinos, fabricante de bebidas vegetais e horchatas. Em seu armazém na Espanha, o software da Mecalux controla os produtos para que a empresa possa cumprir as normas de higiene e a legislação específica dos processos de criação, fabricação e distribuição dos produtos. "O Sistema de Gerenciamento de Armazém Easy WMS da Mecalux nos permite controlar a mercadoria e sua total rastreabilidade, algo fundamental para nosso negócio, que exige cumprir rigorosos padrões de segurança", explica Jordi Llort, responsável pelo Departamento de produção da empresa.
Soluções para evitar a contaminação cruzada de alimentos
A contaminação cruzada de alimentos é uma das questões mais preocupantes na logística. Para evitar a transmissão de elementos nocivos entre produtos, é imprescindível planejar as operações e a distribuição estratégica da mercadoria nos armazéns.
A digitalização e a automação são duas soluções adequadas para que as empresas possam manter um controle rigoroso do estoque e evitar a contaminação cruzada. A Mecalux desenvolve soluções para as necessidades logísticas mais exigentes. Entre em contato conosco, lhe informaremos como o Easy WMS pode ajudá-lo a gerenciar seu estoque com eficiência.