O cálculo do ROI de um armazém, retorno sobre o investimento, é outro elemento fundamental que é necessário considerar no momento de escolher a solução ideal de armazenagem para uma empresa.
A análise do custo de uma instalação e o retorno do investimento é um exercício que pode e deve ser considerado em qualquer projeto. Na maioria dos casos é muito simples, sendo efetuada pelo próprio operador ou pelo proprietário do armazém. Em outros casos, o fornecedor das soluções de armazenagem pode ajudar seus clientes a calculá-lo.
O cálculo do ROI consiste em deduzir o tempo aproximado que demorará para recuperar o desembolso inicial em um investimento. Sempre deve ser realizado, através de comparação, no mínimo com dois pontos de partida: a situação atual, comparada com o novo projeto, que de ser feito por empresas que já tenham um armazém que desejam substituir, ou então duas soluções novas entre si (a situação que surge quando se deve começar do zero).
Para fazer o cálculo detalhadamente é necessário considerar todos os custos de investimento, além dos custos operacionais (economia direta) e avaliar os ganhos em imagem, serviço, controle, etc. (também denominados economia indireta). Embora seja feito assim nos casos reais, este manual, para tornar o cálculo mais compreensível, vai simplificar a análise, portanto apenas consideraremos os valores mais elementares, tais como a obra civil (o edifício do armazém propriamente dito e suas áreas adjacentes), o sistema de armazenagem (estantes), os equipamentos de movimentação e seu desempenho e, finalmente, o pessoal.
Para comparar duas opções é necessário contar com os mesmos dados de partida, por exemplo. Para esse exemplo são os seguintes:
- Precisa-se de um armazém com uma capacidade de 8.000 paletes de 800 x 1.200 x 1.450 mm
- Deve ser possível movimentar, por dia, 700 paletes de entrada e outros 700 de saída
- Não se efetuam tarefas de picking
- Em uma primeira fase, a jornada de trabalho será de 8 horas
- O espaço disponível para construir, mede 100 m de comprimento por 60 m de largura, dentro de um recinto fechado com dimensões maiores
Abordaremos aqui duas soluções que abranjam essas necessidades e limitações. Logo, será feito o cálculo do ROI, comparando-as. Todos os custos, em todos os casos, são orientativos e podem variar de acordo com o momento, as circunstâncias, etc. Eles são apresentados aqui apenas para ilustrar o exercício do exemplo.
OPÇÃO 1. PALETIZAÇÃO CONVENCIONAL COM EMPILHADEIRAS RETRÁTEIS |
Nesta primeira possibilidade, trata-se de um armazém com medidas de 84 m de comprimento por 49 m de largura e uma altura interior de 11 m. A superfície ocupada é de 4.851 m² e a margem de ampliação do armazém na superfície ocupada é de 19% em relação à superfície total do terreno. O sistema construtivo é de galpão convencional, com 8 docas de carga e uma área de recepção e expedição de 735 m². A capacidade da instalação é, como se pedia, de 8.000 paletes. O número de movimentações que podem ser feitas com uma empilhadeira são de 11 paletes de entrada e 11 de saída por hora (22 no total), portanto serão necessárias 9 empilhadeiras. Com esses meios, seriam necessárias 7,4 horas de trabalho por dia para atingir as 1.400 movimentações exigidas (700 de saída e 700 de entrada). Caso se passe a trabalhar 24 horas por jornada, a capacidade de crescimento da instalação é de 224%. |
Paletização convencional com empilhadeiras retratéis
Custos dessa opção | ||
Conceito | Quantidades | Custo total (em reais)* |
Operadores de empilhadeira | 9 | 777.600 |
Empilhadeiras retráteis | 9 | 1.134.000 |
Estantes | 8.000 posições | 1.123.200 |
Obra civil (armazém + expedições) | 4.851 m2 | 5.235.840 |
*Valores aproximados usando a média de 5 anos do valor de conversão do Euro/Real (R$ 3,6).
OPÇÃO 2. PALETIZAÇÃO CONVENCIONAL ATENDIDA POR TRANSELEVADORES DE DUPLA PROFUNDIDADE |
Nesta segunda opção utiliza-se o mesmo espaço da primeira possibilidade, mas é construído como armazém apenas uma parte, deixando o resto do espaço para futuras ampliações. A altura do armazém é de 24 m sob treliça, no interior do galpão, como na opção anterior. A superfície total construída é de 2.953 m², dos quais 2.218 m² correspondem ao armazém e 735 m2 são para recepção e expedição. A capacidade obtida é de 8.000 paletes, tal como tinha sido solicitado. O número de ciclos que um transelevador pode realizar é de 29 duplos por hora (29 paletes de entrada e 29 paletes de expedição), portanto, nesse caso, seria necessário instalar três transelevadores. Com esses meios, seriam necessárias 8 horas de trabalho diárias para realizar o número de movimentações, por jornada, requeridas nesse caso. A instalação poderia crescer 200% trabalhando 24 horas. A margem de ampliação do armazém é de 51%. |
Paletização convencional atendida por transelevadores de dupla profundidade.
Custos dessa opção | ||
Conceito | Quantidades | Custo total (em reais)* |
Operadores de empilhadeira | 2 | 172.800 |
Transelevadores | 3 | 3.078.000 |
Estantes | 8.000 posições | 2.736.000 |
Obra civil (armazém + expedições) | 2.953 m3 | 3.959.733 |
*Valores aproximados usando a média de 5 anos do valor de conversão do Euro/Real (R$ 3,6).
CÁLCULO DO ROI | |||||||
O quadro simples do retorno do investimento é elaborado a partir da soma total do que a instalação consome, ano a ano, e de forma cumulativa. Desse modo, com a igualdade da carga de trabalho, podemos deduzir a instalação que é mais vantajosa no âmbito econômico. O cálculo é feito por consumos anuais, considerando que o custo da instalação é somado apenas uma vez (no primeiro ano) e os custos repetitivos, tais como o de pessoal, são somados anualmente. |
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Armazém convencional com empilhadeiras retráteis | |||||||
Ano 1 | Ano 2 | Ano 3 | Ano 4 | Ano 5 | Ano 6 | Ano 7 | |
Dado ano anterior | 8.270.640 | 9.048.640 | 9.826.240 | 10.603.840 | 12.151.440 | 13.293.040 | |
Operadores de empilhadeira | 777.600 | 777.600 | 777.600 | 777.600 | 777.600 | 777.600 | 777.600 |
Empilhadeiras | 1.134.000 | 1.134.000 | |||||
Estantes | 1.123.200 | ||||||
Obra civil (armazém + expedições) | 5.235.840 | ||||||
Soma acumulada | 8.270.640 | 9.048.240 | 9.826.240 | 10.603.840 | 12.515.440 | 13.293.040 | 14.070.640 |
Cifras em reais
Armazém automático com transelevadores de dupla profundidade | |||||||
Ano 1 | Ano 2 | Ano 3 | Ano 4 | Ano 5 | Ano 6 | Ano 7 | |
Dado ano anterior | 9.622.533 | 9.795.333 | 9.968.133 | 10.140.933 | 10.313.733 | 10.486.533 | |
Operadores de empilhadeira | 172.800 | 172.800 | 172.800 | 172.800 | 172.800 | 172.800 | 172.800 |
Transelevadores | 3.078.000 | ||||||
Estantes | 2.736.000 | ||||||
Obra civil (armazém + expedições) | 3.959.733 | ||||||
Soma acumulada | 9.622.533 | 9.968.133 | 9.968.133 | 10.140.933 | 10.313.733 | 10.486.533 | 10.659.333 |
Cifras em reais
Como é possível observar, a instalação convencional exige um investimento baixo no início das operações do armazém, no entanto o custo com pessoal é tão elevado, que após dois anos e oito meses a opção automatizada, que repercute menos custos anuais fixos, absorveu a diferença entre um investimento e outro. A partir desse momento, a economia proporcionada pela segunda opção mantém-se ao longo da vida do armazém. Esse é um exemplo claro da importância de abordar os projetos com uma visão de médio e longo prazo.
Como iria variar o exemplo se em vez de ser uma nova instalação fosse um armazém já existente que não tenha mais de três anos de vida? Nesse caso, apenas se economizaria o correspondente ao pessoal e, a troca de empilhadeiras a cada cinco anos (a primeira deveria ser feita já no segundo ano).
Com a mudança de armazém, por venda, haveria retorno do valor do galpão de (R$ 5.234.400) e uma parte dos equipamentos (R$ 540.000 estantes e máquinas). Isso teria que ser subtraído do investimento inicial do novo armazém, restando um diferencial de R$ 3.848.133. O retorno do investimento chegaria ao quinto ano e, a partir daí, todo o diferencial seria lucratividade durante a vida útil do novo armazém. Mais uma vez, na abordagem de médio e longo prazo ganha a vantagem a favor da empresa.